Parte final da série: Empreendedores resolvem grandes problemas!

Clique nos links para ler a Parte I e a Parte II.

Algumas formas de analisar oportunidades para a criação de negócios inovadores foram debatidas nas Partes I e II desta série. Resumindo em uma frase: o empreendedor deve se posicionar como um investigador, procurando pelas dores dos clientes.

De forma complementar, procurar por oportunidades inovadoras também envolve analisar as principais barreiras que impedem os reais problemas dos clientes de serem resolvidos. Muitas pessoas e empresas utilizam as soluções disponíveis não por serem as melhores, mas justamente por serem as únicas existentes. E neste contexto os empreendedores possuem um leque gigantesco de oportunidades.

Segundo Clayton Christensen, estas barreiras surgem em 4 perspectivas: da riqueza, do conhecimento, do tempo e do acesso.

A mais imediata é a barreira da riqueza. Produtos e serviços que muitas vezes são considerados privilégios apenas das classes sociais mais ricas, não implicam em não serem demandados ou desejados pelas demais classes (pessoas ou empresas). Vejamos o caso dos computadores e o acesso à Internet. A Positivo criou um computador que cabe em muitos bolsos antes não atendidos – lembrando que empreender dentro das empresas é tão importante quanto fora delas! As Lan Houses criaram formas de acesso que atendem a mais de 30 milhões de pessoas no Brasil. E startups também surgiram para atender esse problema não resolvido para pequenas empresas. A Gigalink – empresa também de empreendedores Endeavor – criou uma solução inovadora ideal para elas. Confira esse case sensacional aqui.

E o que seria a barreira do acesso? O ponto aqui é: produtos e serviços podem resolver um problema em uma determinada situação, mas não em outras. Por exemplo a sua TV a cabo. Ela resolve o problema maravilhosamente bem quando você está em casa, sentado no seu sofá. Mas digamos que você seja fanático por futebol e queira acompanhar todos os jogos do seu time. Você paga a TV a Cabo, paga a assinatura do pay-per-view específico para o seu time, mas quando você está em viagem, em um hotel de uma outra cidade, você simplesmente não tem acesso à solução que você já pagou (e caro)!

Alguns anos atrás, pensando nisso, uma empresa americana criou uma solução para romper a barreira do acesso nesse mercado. Um aparelho chamado SlingBox que, ao ser plugado na sua TV em casa, reproduz o sinal dela para seu computador ou celular, esteja onde estiver (desde que com acesso à Internet, claro). Demorou, mas algumas operadoras de TV a Cabo perceberam que seu produto resolvia o problema apenas parcialmente e lançaram um aplicativo que permite que você assista aos jogos de futebol pelo computador ou celular. Mas só para o futebol. Diversos outros conteúdos não só esportivos como novelas, seriados, etc não são atendidos pelo aplicativo, o que ainda faz do SlingBox um grande sucesso (ele não é vendido no Brasil mas facilmente encontrado na Amazon.com).

Agora reflita sobre as barreiras do conhecimento e do tempo. Existem produtos e serviços que fizeram grande sucesso, mesmo chegando muito mais tarde no mercado, por terem trabalhado muito bem essas perspectivas. Pense em exemplos de produtos que romperam a barreira do conhecimento, permitindo que as pessoas conseguissem usar aparelhos, programas de computador, montar seus próprios móveis, entre muitos outros segmentos.

E o mesmo se aplica para o caso do tempo. Em um mundo cada vez mais corrido, em que tempo é dinheiro e conveniência vale dinheiro, muitos espaços foram conquistados gerando extrema conveniência frente a produtos ou serviços dominantes que seguiam uma lógica diferente. Você já não precisa mais andar até o supermercado para comprar qualquer item que quiser. Seja na loja de conveniência do posto de gasolina ou mesmo pela Internet, a barreira do tempo está sendo superada e alterando inúmeros mercados.

Desta forma, avalie:

  • Que soluções estão disponíveis apenas para uma parte da população mas que também são problemas de outras?
  • Pessoas que não podem pagar por um tipo de solução simplesmente não possuem aquele problema?
  • Quais produtos ou serviços não são tão utilizados por não serem simples o suficiente?
  • Onde a conveniência pode gerar tanto valor a ponto de se poder cobrar por isso (veja no post passado o caso da BlackSocks)?
  • Que produtos ou serviços resolvem muito bem um problema em uma determinada situação, mas não em outras?

Com isso termina a série de 3 artigos sobre identificação e resolução de problemas. O tema é extremamente importante para qualquer empreendedor e por isso foi debatido em profundidade. Ainda assim, é extremamente recomendado buscar mais conhecimento nas principais fontes que foram indicadas ao longo desta série!