“Países que não desejam o rótulo de “subdesenvolvidos” deveriam se preocupar com a proporção de indivíduos que não consideram o empreendedorismo como opção de carreira.”

 

Praticamente ninguém discorda que o empreendedorismo é um fenômeno positivo. O verbo “empreender” está cada vez mais presente nas agendas públicas e nos discursos políticos. Do ponto de vista conceitual, a relação entre a atividade empreendedora e o crescimento econômico é direta. O empreendedorismo é uma das forças motrizes do desenvolvimento por ser uma fonte geradora de emprego, renda e competitividade.

Os impactos sociais também são evidentes quando este contribui para a redução da pobreza e a mobilidade social. O empreendedorismo apresenta um caminho para o progresso diferente daquele ao qual a sociedade estava acostumada. Mas, por que então países subdesenvolvidos não são bem-sucedidos em criar um ambiente favorável para a multiplicação de empreendedores?

É claro que não se trata de algo tão simples como uma receita de bolo. Todas as iniciativas devem levar em consideração as particularidades de cada país e, em especial, o nível de desenvolvimento no qual o país se encontra a fim de potencializar os resultados. No entanto, isto não significa que as ações para melhorar a sofisticação de atividades empreendedoras devam ser feitas de forma dispersa e isolada.

De acordo com a OCDE, são necessários 6 pilares para se criar um ecossistema empreendedor:

  1. Estrutura Regulatória
  2. Condições de Mercado
  3. Acesso a Capital
  4. Criação e Difusão em Conhecimento (Inovação)
  5. Capacitação Empreendedora
  6. Cultura Empreendedora

A má combinação desses ingredientes é a razão dos países subdesenvolvidos ainda não terem encontrado a fórmula para o desenvolvimento. Em alguns casos, devido a pouca mão-de-obra qualificada, empreendimentos nessas economias são criados apenas por necessidade. Em outras, pela escassez de capital e condições de mercado desfavoráveis, projetos sequer conseguem sair do papel. Sem contar os povos que sofrem com a “síndrome do concurso público” e carecem de um espírito desbravador e aventureiro, ou melhor: empreendedor.

Falar de limites para um empreendedor é o mesmo que dizer a um jornalista que não existem mais notícias para ele escrever. Quando a sociedade está engajada de forma contínua por melhorias, a única certeza é de que o futuro será melhor que o presente. E é a partir deste sentimento de esperança que o empreendedorismo repercute na melhoria do bem-estar social.

Países que não desejam o rótulo de “subdesenvolvidos” deveriam se preocupar com a proporção de indivíduos que não consideram o empreendedorismo como opção de carreira.

A pergunta sobre o porquê de países subdesenvolvidos precisarem de empreendedores para se desenvolver começa a ser respondida pelo entendimento de que para o florescimento de um ecossistema empreendedor é necessária a combinação de algumas determinantes, usualmente mais escassas em economias menos desenvolvidas. A partir do momento em que agentes econômicos e políticos canalizam seus esforços para melhorar essas determinantes são criadas as condições propícias para que empreendedores gerem alto impacto para o contexto sócio-econômico de um país.

Esses impactos gerados por atividades empreendedoras têm o potencial transformador de elevar o grau de desenvolvimento de um país para níveis mais elevados, reduzindo os traços de subdesenvolvimento na economia, na sociedade e em instituições políticas.

Identificar e apontar as relações entre as variáveis necessárias para a criação de um contexto favorável a iniciativas empreendedoras que geram a prosperidade econômica do país é uma forma de orientar políticas públicas em prol de uma sociedade mais inclusiva e com mais oportunidades.