Acho que eu nunca me apresentei aqui no Blog. Meu nome é Luciana Vicente, trabalho na 21212 há 2 anos e comecei minha trajetória na 21212 como gerente de projeto. Aliás, nos últimos 8 anos o que eu mais fiz na vida foi gerenciar projetos. Desde implementar a norma PBQP-h em obras pelo Rio de Janeiro até ajudar empresas a implementarem sistema de gestão de pessoas por meritocracia. Então, muitos gráficos Gantt, planilhas de Excel e relatórios de projetos depois, no ano passado eu comecei a descobrir um novo mundo, o de construção de produtos.

Ao entrar para o time da 21212 e ter como missão ajudar as empresas aceleradas e a aceleradora a alcançarem seus objetivos, meu primeiro impulso como gerente de projetos fissurada por planejamento e prazos foi querer colocar todo o planejamento em um “excel” (no nosso caso era o Podio, palavra que hoje não deve ser pronunciada perto do time da 21212, hahahah), e sair gerenciando as entregas e os deadlines. Claro que o resultado não foi o que eu esperava. Não posso dizer que foi um fracasso, mas por alguns motivos que até então não eram óbvios essa forma de gerenciamento não nos ajudou a chegar na nossa meta. Mas o que estava errado?

 

O que estava errado era que o nosso time, o da aceleradora, estava mais preocupado com o prazo do que com o processo. (se você ainda não leu o post da Cyber, leia aqui). E quando digo o processo, falo do processo de criação e desenvolvimento dos produtos. Quando o nosso time entendeu a diferença entre criar um produto e gerenciar um projeto, passamos a visualizar os resultados que até então não conseguíamos reconhecer, porque o nosso foco estava errado. Ao invés de focar no gerenciamento de projetos, passamos a focar em gerenciamento de produtos.

 

Então vamos entender a diferença entre essas duas formas de gerenciamento:

 

Projetos, pela sua própria definição, tem um começo, meio e fim. Ao gerenciar um projeto, você terá um limite de tempo, recursos disponíveis e um objetivo bem definido a ser alcançado ao final do projeto, e isto torna muito fácil descobrir se um projeto foi bem-sucedido ou não. Pois, se ao final de um período pré determinado, com os recursos disponíveis, você conseguir cumprir com o escopo do projeto e atingir o objetivo final, seu projeto foi bem-sucedido. Caso contrário, não.

 

O gerenciamento de produtos não segue a mesma lógica. Ele é um processo de descoberta e por isso possui suas singularidades:

 

  • O gerenciamento de produto não tem início, meio ou fim definidos. Ao contrário, a gestão de produto é um ciclo contínuo de interação, feedback e implantação. Estes ciclos abrangem aspectos como a experimentação, testes de usabilidade, a descoberta de clientes, desenvolvimento e implantação de atualizações. Durante toda a vida da sua startup, em diferentes níveis, você estará repetindo esses ciclos.
  • Gerenciamento de produto não é um processo linear. Isso significa que as interações que ocorrem durante a criação de um produto vão requisitar em muitos momentos que você mude completamente o seu plano inicial ou parte dele. A priorização das entregas no gerenciamento de um produto mudam constantemente, de acordo com o feedback dos usuários e, em alguns casos não raros, algumas entregas podem ser cortadas do plano original, porque deixaram de ser relevantes para alcançarmos o objetivo final.
  • Deadlines não são “respeitados” no gerenciamento de produto. Isso não significa que você não vai mais definir datas ou metas para o seu produto, pelo contrário, a definição de deadlines e metas é algo essencial para a gestão de um produto. Exemplificando, imagine que no primeiro mês após o lançamento do seu produto, você definiu como meta que ao final deste primeiro mês você teria um número x de usuários e, para chegar nessa meta, você definiu algumas hipóteses e traçou planos de validação para cada uma dessas hipóteses. Ao final deste mês, você pode concluir que todas as hipóteses de aquisição de usuários são falsas e, com isso, nem a meta traçada e nem o deadline da meta são atingidos no final do período. Isso significa que você perdeu tempo? Não! Isso significa que você aprendeu o que não funciona e que agora você está mais perto de aplicar o mecanismo certo de aquisição. No longo prazo, você ganhou tempo.

 

Ao gerenciar um produto, leve em consideração os fatores acima e use o seu conhecimento como gestor de projetos para ajudá-lo na execução e para acelerar o processo de validação, mas não deixe que este mesmo conhecimento lhe impeça de interagir com o cliente e mudar o plano quando as validações lhe indicarem que a mudança é necessária.