Partindo do princípio que a decisão de empreender já esta tomada (sem desculpas!), o ponto passa a ser o que fazer. E ainda não se trata do o quê em termos da oportunidade, mas do tipo de empresa que se pretende criar. Entendendo claramente o que realmente queremos fazer, a realização fica bem menos complicada. Ou seja, é preciso alinhar suas expectativas com você mesmo!

A questão é: você pretende iniciar uma pequena empresa ou uma startup?

Pode parecer um debate apenas teórico, mas não é. Estas são propostas bem diferentes!

Para começar, é importante definir bem o que é uma Startup. Não há uma tradução oficial. Em tradução livre, uma startup pode ser considerada “uma empresa emergente de grande potencial”, ou ainda, “uma empresa projetada desde o início pra ser grande”. Isso já explica muita coisa: vai dar trabalho, muito trabalho!

E para ter grande potencial e ser grande, invariavelmente a motivação para iniciar a empreitada deve ter sido gerada pela descoberta de uma oportunidade – fator fundamental neste processo e alvo dos próximos temas.

Já uma pequena empresa, em muitos casos, começa pela necessidade. Não há uma descoberta, uma tendência de mercado ou uma proposta clara de resolver um problema para um grupo de específico de pessoas ou empresas. Em alguns casos ainda mais críticos, o pequeno negócio é montado apenas para ser o auto-emprego do empreendedor.

Assim, infelizmente, muitas vezes a pequena empresa é projetada pra continuar pequena – muito pequena – e apenas (tentar) sobreviver. E isso não acontece apenas por falta da aspiração do empreendedor, mas também pela falta de conhecimento e habilidade em negócios. E quando ele se depara com a tentação da ilegalidade – chamar de informalidade é apenas um eufemismo carinhoso – ele entra em um caminho muitas vezes sem volta: o pequeno empresário pode até encontrar oportunidades de crescer, mas não o faz pra que possa continuar abaixo dos radares da lei. Um estudo da McKinsey já tinha identificado isso… em 2004!

Mas isso em nada denigre o papel e a importância da pequena empresa, apenas crava uma clara distinção entre estes dois mundos. As pequenas empresas têm um papel fundamental na economia de inúmeros países desenvolvidos e no Brasil não é diferente: 54% dos empregos formais e 20% do PIB. Elas deveriam receber muito mais apoio e incentivo pra que pudessem se estruturar e crescer. O Sebrae faz um trabalho fantástico nesse sentido. Mas o governo deveria fazer muito mais também.

Voltando às startups: se é isso mesmo que você pretende iniciar, considere fundamentalmente:

  • identificar claramente uma oportunidade e não se deixar levar pela tentação de iniciar uma empresa para “trabalhar menos” (mentira), “não ter chefe” (ilusão) ou simplesmente para substituir a falta de uma boa oportunidade de emprego (é preciso querer e estar capacitado para empreender!);
  • que as oportunidades devem inserir soluções em mercados promissores para resolver problemas importantes que as pessoas ou empresas possuem! Qualquer coisa diferente disso não pode ser considerada uma oportunidade para criar uma startup;
  • que você está iniciando uma empresa projetada para ser líder de seu setor ou mais, para criar um setor inteiramente novo!

No livro Lean Startup, Eric Ries trouxe a seguinte definição:

“A startup is a human institution designed to deliver a new product or service under conditions of extreme uncertainty.”

Só vale a pena tentar criar e entregar um novo produto ou serviço em condições de extrema incerteza se você pretende criar algo realmente grande!

Ou seja, não se trata de um debate conceitual sobre o significado dos termos. O entendimento sincero por parte do empreendedor do que ele está realmente disposto a fazer é o ponto decisivo na criação de uma nova empresa. E que seja uma startup!